Existem histórias de vida pouco conhecidas das gerações mais jovens que parecem vir da ficção, como a do garoto britânico Stephen Demetre Gergiou, nascido em Londres em 21 de julho de 1948, filho de pai greco-cipriota e mãe sueca, que mais tarde seria conhecido como cantor e compositor brilhante pelo nome artístico de Cat Stevens.
Naquele caldeirão efervescente de grandes talentos da virada dos anos 60 para os 70, Cat Stevens era um dos gênios, compondo e cantando músicas belíssimas que são conhecidas até hoje.
Se a história tivesse parado por aí, já seria o suficiente para se apreciar uma das maiores obras musicais do século XX. Só que em 1977 Cat Stevens se converteu ao islamismo e abandonou a carreira.
Isto numa época em que ser muçulmano era visto como algo estranho para um cristão ocidental, mas não havia toda essa aura de espanto pós-Bin Laden.
Afinal, o supercampeão boxeador norte-americano Cassius Clay também havia se convertido ao Islã em 1975, e usava o nome Muhammad Ali desde 1964, pelo qual se tornou mais conhecido, mas isso era visto como um fenômeno típico da revolta afro-americana contra a secular repressão no país.
Curiosamente, tudo teria começado em 1976 na praia de Malibu, na California (EUA), quando Cat Stevens teria ficado a um fio de morrer afogado durante um banho de mar, e teria prometido a Deus que - se Ele o salvasse - iria servi-lo daí em diante.
Na sua narrativa, uma grande onda teria aparecido "do nada" em seguida e o levado até a praia, assim meio o profeta Jonas sendo expelido pelo grande peixe.
Em 1977 Cat Stevens se converteria oficialmente ao Islã e a partir de 1978 adotou o nome árabe de Yusuf Islam ("Yusuf" é uma das transliterações arábicas do nome "José"), o que lhe rendeu inclusive uma negativa de entrada nos Estados Unidos em 2004, provavelmente por outro Yusuf ou Youssef (ou outra forma de escrever o nome) estar na lista negra dos terroristas procurados pelas autoridades norte-americanas, problema que depois foi resolvido, não sem alguns incidentes diplomáticos com o Reino Unido.
Mesmo assim, seus álbuns continuaram vendendo aos milhões pelas décadas seguintes. Estimativas de 2007 davam conta de que ele continuava recebendo cerca de US$ 1,5 milhão ao ano em direitos autorais, isto porque em 2006 ele havia lançado um novo disco depois de décadas de ausência, mas sempre com o supremo cuidado de adequar sua nova música aos preceitos islâmicos.
De qualquer maneira, seria praticamente impossível suplantar a qualidade de sua música anterior, fruto de um talento raríssimo que soube combinar, ainda muito jovem, belas letras com melodias da melhor qualidade.
Sua canção mais conhecida talvez seja "Wild World", uma das mais belas composições musicais do gênero humano, que todo mundo conhece, mas pouca gente hoje se lembra que é dele.
Outras belas composições do insuperável Cat Stevens são as obras-primas "Father and Son", "Morning Has Broken", "Where do the Children Play" e "The First Cut is the Deepest", só pra citar algumas.
Parabéns, Cat Stevens!